O início glorioso
O ano era 1912. Os times da cidade eram Almofadinhas e o Barroquinha. O primeiro era considerado de elite e treinava, assim como jogava, em um campo de terra nas proximidades do Asilo de Mendicidade. Já a outra equipe, era da “massa popular”, do “povão” e tinha um campo de terra em que ficava localizado nos altos da antiga Rua do Comércio, hoje, é a rua Dr. Trajano. O nome “Barroquinha” era porque havia uma barroca ao lado do campo. Pois é, “Barroquinha” é o que originou a nossa gloriosa Associação Atlética Internacional de Limeira no dia 05 de outubro de 1913. Por ocasião de vários imigrantes radicados na cidade, na época, como japoneses, italianos, alemães, portugueses, entre outros, o nome Internacional foi mais do que justo em homenagear todas as “etnias”.
Os primeiros “heróis” e diretores foram: presidente José Alves Penteado; vice-presidente: Fausto Esteves dos Santos; secretário: Ajax Garroux; “captain”: Antônio Esteves dos Santos Junior (Tonico Esteves) e João Busch como fiscal de campo. A primeira reunião, realizada no “Theatro da Paz”, determinou várias regras desportivas assim como os deveres dos associados. Uma delas, por exemplo, quem quisesse atuar pelo time tinha que ser sócio e, junto com os associados, pagar uma mensalidade de 1$000 (mil réis). Já na parte de futebol, o “captain” da equipe era para manter a disciplina assim como manter a ordem de todos, que, aliás, deveriam estar uniformizado com um calção branco de faixa preta, camisa listrada com as cores preta e branca, além de usar meias pretas com duas listras brancas e obrigatoriamente compridas. A primeira partida foi no dia 12 de outubro de 1913 contra o Sport Clube Carioba, na Vila Americana, na cidade de Americana.
O primeiro grande passo estrutural foi em 1921, quando a família Levy comprou o terreno declinado, do qual a Internacional jogava no campo de terra desse terreno e, realizou terraplenagem, além de deixar o campo pronto para estar em condições de ser um gramado, receber vestiários, arquibancadas e outras estruturas. Nesse campo (a Vila Levy) aconteceu duas partidas inesquecíveis para a glória da Internacional de Limeira como o de invencibilidade por 212 partidas, das quais, em uma partida contra o Palestra, da Capital, no dia 15 de dezembro de 1924, a mídia paulistana noticiou com grande destaque a difícil derrota da Internacional e ostentou-a até hoje o “status” de LEÃO DA PAULISTA. O esquadrão limeirense jogou com Quinze, Lau e Fenga; Ceará, Zequinha e Munhóz; Campineiro, Pollastri, Pacheco, Augusto Américo e José Petrelli. Contudo, em 1926, a melhor equipe da temporada e vitoriosa excursão pela Europa, o Paulistano, com o considerado melhor jogador do mundo da época, a estrela Friedenreich, veio para Limeira, no dia 26 de setembro e perdeu por 2×1 para a Internacional.
Profissionalização
Após inúmeras reuniões, as equipes do interior paulista se tornaram profissionais e com direito a participações nos campeonatos oficiais organizados pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Os times pioneiros foram: Guarani, Ponte Preta e Mogiana, ambos de Campinas; Palmeiras e Francana, de Franca; XV de Novembro, de Piracicaba; Rio Branco, de Americana; Botafogo, de Ribeirão Preto; Batatais; Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista; Taubaté; São Bento, de Marília (atualmente o Marília Atlético Clube) e a nossa Associação Atlética Internacional de Limeira.
A administração da FPF, Carlos Lopes, sugeriu aos 13 clubes fundadores que fizessem uma reunião com ato e solicitassem a oficialização da Série Preta, como 2ª Divisão de Profissionais. A ideia não vingou, entrando a partir de 1948, outros clubes na disputa, obrigando uma nova série. Mas o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Mário Frigiuelli, proibiu a participação dos times representantes de cidades com população inferior a 50 mil habitantes na série e a Internacional não preenchia a exigência. Assim foi formado a 2ª Divisão, em 1947 e 1948, com a Série Preta. Em sua primeira participação em campeonatos oficiais, a Internacional foi vice-campeã.
Licença Profissional e a “Era Iaquinta”
Conhecida como “Era Iaquinta”, pelo fato de Benedicto Iaquinta permanecer no cargo de 1961 a 1974, a Internacional de Limeira conheceu seus principais feitos como título de Campeã da 2ª Divisão, mudanças de diretoria, além do pedido de licença do profissionalismo junto à FPF, por falta de estádio.
Em 1961, logo na primeira gestão, veio à glória com o título da Série Algodoeira, ao vencer a Internacional de Bebedouro, pelo placar de 5×0. Já no ano seguinte, o Estádio Levy, teve a sua capacidade aumentada para 3 mil pessoas por meio da construção de arquibancadas de madeira. Também no mesmo ano, contudo, no dia de aniversário da cidade, dia 15 de setembro, era inaugurado a nova iluminação no campo.
Dentro de campo e com competência, a “Era Iaquinta”, a Internacional de Limeira conquistou o título da 2ª Divisão de Profissionais, em 1966, com direito ao acesso à Primeira Divisão, na época, ainda faltava mais um degrau para atingir a Série Especial. A partir de então, começou o drama do presidente Benecdito Iaquinta por não ter campo dentro dos padrões exigidos pela FPF. Para não perder o direito de permanecer na Primeira Divisão, fora solicitado licença à FPF até quando pudesse arrumar um campo adequado. Para tal, era preciso disputar todos os torneios amadores, além de cumprir com as obrigações financeiras como taxas de inscrições do time na FPF.
Em 1967, com grande pesar, Iaquinta deu passe livre aos jogadores para começar a campanha para a construção de um estádio próprio e voltar a disputar os campeonatos oficiais da FPF dentro do prazo. E Benecdito Iaquinta encerrou a sua “Era” sem nenhuma dívida, logo após o lançamento da pedra fundamental do Estádio Major Levy Sobrinho, em 1974
O retorno do Leão
Uma grande reformulação e reestruturação foram suficientes para trazer a Internacional de volta ao profissionalismo. A princípio, a diretoria conseguiu um aval da FPF para disputar o seu mando de jogos na cidade vizinha de Araras, no Estádio da Usina São João. Era uma fase inacreditável de cigano, era a fase de “Circo do Veneno”, pelo fato do time ser como os profissionais de circos e parques por não ter onde disputar os jogos e realizar os treinamentos. Os campos utilizados eram do Clube Paulistano, do clube Estudantes, do Clube Atlético Usina Iracema (Iracemápolis) e o da Usina São João, único aceito pela FPF. A primeira partida, na volta ao profissionalismo, foi no campo do Paulistano, contra o Piracicabano. No retorno, em 1975, a Internacional pertencia à Série B do Campeonato da Primeira Divisão.
A glória maior foi o retorno da Internacional de Limeira à Divisão Principal do Campeonato Paulista, após vencer todas as “barreiras” no Campeonato da 2ª Divisão de 1978 e sagrou-se campeã com direito a participar da Divisão Especial no ano seguinte.
Leão Maduro
Com o título de campeã da Divisão Intermediária, com grandes contratações e principalmente com um campo digno, a Internacional de Limeira estreou com um bom 9º lugar na Divisão Especial do Campeonato Paulista de 1979. A colocação deu direito a uma vaga no Campeonato Brasileiro, do qual quase chegou as quartas-finais ao ser eliminado pelo Internacional de Porto Alegre (campeão no ano anterior) do técnico Rubens Minelli e atletas como Falcão.
No início da década gloriosa de 80, o time leonino conquistou o 4º lugar e disputou o “Quadrangular Final” do Paulistão daquele ano. Foi desclassificado pelo campeão de 1980, São Paulo, que ainda, utilizou o atacante Zé Sérgio ilegalmente na partida. Mas, mesmo assim, conseguiu o direito de disputar a antiga Taça de Ouro de 1981, a qual chegou até as quartas-finais ao ser derrota pelo Grêmio em uma polêmica partida e também polêmico grupo.
Em 1981, mudou o Regulamento do Campeonato Paulista e a Internacional pela terceira oportunidade disputou com grandes méritos. No primeiro turno, obteve a segundo colocação e o direito de disputar o Octogonal, do qual não conseguiu os mesmos méritos. Já no segundo turno, com a venda de seis ou sete “estrelas” como Elói, houve queda de rendimento da equipe, que ficou em 6º lugar no campeonato e com direito assegurado para disputar a Taça de Ouro em 1982, campeonato este, que a Internacional não passou da primeira fase.
Em 1982, o ano futebolístico foi considerado razoável também para os dirigentes e torcedores, afinal, as atenções estavam quase todas voltadas ao clube de campo, que iniciava um processo de doação. No Paulistão 82, a Internacional ficou em 11º dos 20 times participantes e não passou da primeira fase na Taça de Ouro. Já, em 1983, a Internacional mais uma vez faz uma campanha razoável e fica em 9º lugar no Campeonato Paulista e, no ano seguinte, em 10º lugar.
Em 1984, assume a presidência novamente Richard Drago. Em 1985, a área de futebol profissional ficou mais competente e o elenco foi composto por jogadores de ótimo potencial como Silas, Gilberto Costa, Carlos Silva, Vilson Cavalo, Pécos, João Batista, entre outros. Já na categoria de base, Tato e Lê foram integrados ao elenco profissional, além da volta do “xerife” Bolívar e do coringa João Luís. Outra grande novidade foi o empréstimo do ponta-esquerda Éder junto ao Atlético Mineiro. O atleta era “selecionáveis” e, deu muita credibilidade para a Internacional de Limeira junto aos críticos do futebol. Mesmo assim, a equipe limeirense não passou de um modesto 9º lugar no Campeonato Paulista de 1985.
O Primeiro do Interior
O mais otimista leonino ou crítico futebolístico, jamais botaria fé em um time que ficou na posição intermediária no ano anterior e ainda mais que perdera de goleada na primeira rodada do Campeonato Paulista de 1986. Pois bem, a façanha de ser o primeiro time do interior paulista a conquistar o Paulistão foi e, sempre será, o fato mais marcante de toda a História do Campeonato Paulista desde seus primórdios. Afinal, em 1986, a Internacional de Limeira foi o grande destaque nas principais rádios, jornais e TV de todo o Brasil como Campeã Paulista ao derrotar o Palmeiras e calar milhares de torcedores no Morumbi.
Mas a história de 1986 começou de fato no ano anterior. O elenco foi praticamente mantido aliado à contratação de outros jogadores como Kita, Juarez, Alves, Manguinha, Gilson Gênio, entre outros, além da presença de um bi-campeão mundial tanto pelo clube tanto pela seleção: o técnico Pepe. Na primeira rodada, uma “sapecada” de 3×1 do Palmeiras, no Palestra Itália. Isso era prova de que o primeiro turno não seria dos melhores, mas, mesmo assim, ostentou a 6ª colocação, com 21 pontos. Quem já não botava fé, jamais imaginaria uma reviravolta com tamanho futebol entrosado, rápido, solidário e com toques refinados. E foi o que realmente aconteceu. Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar assim como na classificação geral (turno e returno).
Nas semifinais, enfrentou o Santos e, venceu a primeira partida em plena Vila Belmiro por 2×0 e também a segunda partida no Limeirão por 2×1. Classificado para a final, a equipe limeirense enfrentou o Palmeiras, há 10 anos sem ganhar um título sequer e, ainda com os dois jogos no Morumbi. O primeiro jogo foi no dia 31 de agosto e o placar foi de 0x0, com um público de 104.136 pagantes. O segundo e decisivo confronto, também no Morumbi, aos olhos de 64.564 pagantes e mais os milhares de credenciados, a Internacional venceu o Palmeiras por 2×1, com gols de Kita e Tato, em uma partida eletrizante e emocionante até os últimos minutos, quando o árbitro da partida Dulcídio Vanderley Boschilla decretou o fim da partida. O esquadrão mais famoso da história do futebol do interior paulista foi: Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pécos; Maguinha, Gilberto Costa e João Batista; Kita e Lê. Ainda participaram da partida os jogadores Alves e Carlos Silva. Todos sob comando do técnico Pepe e presidência de Victório Marchesini.
Para sacramentar a conquista inédita, a Internacional ainda arrebatou a artilharia do campeonato com o centroavante Kita (24 gols), além de conquistar merecidamente um dos troféus mais cobiçado do futebol paulista: a Taça dos Invictos, promovido pelo então jornal “Gazeta Esportiva”, ao ficar 17 partidas invictas, que antes estava em poder do Santos, com 15 partidas.
A campanha foi indiscutível. Em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e sete derrotas. Foram anotados 59 gols e sofridos 33 gols. Para comprovar com dados, a seleção da imprensa, publicado no jornal Folha de São Paulo tinha sete jogadores da equipe limeirense: Silas, Juarez, João Luís, Gilberto Costa, João Batista, Tato e Kita, os “intrusos” foram: zagueiro Vágner, do Palmeiras, lateral Nelsinho, do São Paulo, meia Pita, também do São Paulo e, atacante Mauro, da Ponte Preta. Por essa razão, a Internacional foi considerada a “Dinamarca Caipira” em alusão à seleção europeia destaque da Copa do Mundo de 1986.
Pós-título
Após a conquista do título mais comemorado da história de Limeira, a Internacional não repetiu mais o feito histórico paulista, porém conquistou o título do Campeonato Brasileiro da Série Amarela, em 1988 e, no Campeonato Paulista, manteve a tradição e chegou ao 5º lugar. A tristeza e decadência leonina, no entanto, vieram nos anos 1990 por meio do então presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello, que confiscou a poupança da Internacional e, em situação ruim financeira, a equipe sofreu várias decepções como campanhas ruins no Campeonato Paulista e também no Campeonato Brasileiro. Em 1990, amargou seu primeiro descenso no Paulista e, também no Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, retorna a Divisão de Elite na gestão do competente Richard Drago. Contudo, em 1992, um novo rebaixamento e esperou até 1996 para conquistar o título, no dia 28 de julho de 1996, com a vitória de 4×0 sobre a Portuguesa Santista, no Limeirão. O treinador? Claro, Seo Macia, o Pepe.
O Leão manteve sua campanha positiva no Paulistão 1997 assim como foi o time do interior campeão de público no Estadual. No mesmo ano, a Internacional voltou a disputar o Brasileiro da Série C.
Entre 1998 e 2001 conseguiu se manter na Série A1, além de disputar o Campeonato Brasileiro, na época, a conhecida Taça João Havelange.
Em 2003, a Inter foi rebaixada para a Série A2, mas acabou retornando no ano seguinte.
O campeonato começou com vitória na cidade de Taubaté. No decorrer do primeiro turno, alternou bons e maus momentos até chegar com grandes chances de ser classificar para a próxima fase. Chegou o segundo turno, vitórias na raça e na base da garra, aliado aos esforços da diretoria, a Internacional conquistou o primeiro lugar do seu grupo, obtendo assim, a classificação para a segunda fase.
A segunda fase foi bastante complicada para os jogadores internacionalinos sob comando do “marinheiro de primeira viagem” Pintado. Enfrentaram Botafogo de Ribeirão Preto, Flamengo de Guarulhos e Bandeirantes de Birigui. No primeiro turno dessa fase, uma derrota e dois empates, uma classificação com risco eminente. Já no segundo turno, veio à recuperação com um empate (com sabor de derrota, por perder dois pênaltis) com o Botafogo, uma vitória “salvadora da pátria”, na cidade de Birigui, contra o Bandeirantes (talvez a que decidiu a vaga e deu moral para equipe) e, também outra vitória sobre o Flamengo, na última rodada.
Veio à fase final com as quatros melhores equipes do Campeonato Paulista da Série A2: Flamengo, Taquaritinga, Taubaté e a Internacional. Um quadrangular realmente final, com grandes momentos de delírios e emoções para qualquer cardíaco não botar defeito. O primeiro jogo, uma vitória boa contra o Taubaté, no Limeirão. O segundo, outra vitória sobre o “carrasco” Flamengo, em plena Guarulhos e, sob salto alto, a Internacional perdeu para o Taquaritinga por 4×3, no campo adversário. Restavam apenas três jogos finais para cada equipe e qualquer vacilo seria fatal. Para evitar qualquer eventualidade, a Internacional fez sua parte nas partidas realizadas no Limeirão ao vencer o Taquaritinga por 3×1 e, a mais suada e emocionante vitória contra o Flamengo por 2×1, com direito a um gol aos 46 minutos do segundo tempo, do lateral Dickson.
Contudo, mesmo com belo trabalho na fase final, a Internacional dependia de apenas um empate no jogo contra o Taubaté, na casa do adversário. Porém, a “mala preta” corria na cidade taubateana pelo fato do Taquaritinga ainda ter chances de ser a campeã do campeonato. O Taquaritinga jogaria contra o Flamengo, na cidade de Guarulhos. Para motivar os jogadores leoninos, a diretoria fez sua parte e, junto com empresários e abnegados leoninos, disponibilizaram cerca de 30 ônibus para os torcedores leoninos acompanharem o jogo decisivo na cidade de Taubaté.
Porém a alegria durou pouco. Na verdade durou só um campeonato; a Inter foi rebaixada novamente em 2005. Nesta época foi vivida umas piores fases da história do Leão da Paulista, quando quase que a equipe sequer entrou em campo nas últimas rodadas.
Após isso houve uma sucessão de parcerias e terceirizações.
Em 2008, o lendário presidente Richard Drago retornou ao cargo de presidente com o time na Série A2, porém, o time foi rebaixado para a Série A3. Em 2009 mais um rebaixamento. Dessa vez para a última divisão do Campeonato Paulista.
A estrutura começaria a melhorar com a reforma completa do estádio e valorização da categoria de base da Internacional, que foi campeã dos Jogos Regionais de 2009 e boas campanhas no Sub-20.
Em 2010, apostando na base, o Leão ascendeu para Série A-3 revelando jovens valores como Lucas Lima, Fernando Russi e Rodney. Além de ser Bicampeão dos Jogos Regionais 2010. Entre 2011 e 2012, o Leão disputou o Campeonato Paulista da Série A-3, tendo deixado o acesso escapar por muito pouco em ambas ocasiões.
A história recente: renovação da diretoria e gestão própria
Após o Campeonato de 2012 o então presidente Dr. Aílton, com dificuldades de manter o time e desgastado por mais um campeonato sem acesso renuncia ao cargo. O desespero e a incerteza tomaram conta do Limeirão, uma vez que o clube, afundado em dívidas, dependia da terceirização no futebol, pois não tinha receitas para se manter. O então diretor de marketing Taymom Bueno da Silva, na época com apenas 25 anos, apresenta um projeto de gestão ao conselho deliberativo, no intuito de atrair a atenção de algum conselheiro a se candidatar ao cargo de presidente. O conselho indicou Taymom para o cargo.
Uma das primeiras medidas foi democratizar e renovar o conselho. Abriu candidatura pública, onde pela primeira vez em muitos anos deu-se oportunidade para jovens participarem da vida do clube.
Na mesma época apresentou o ousado projeto do Complexo do Memorial Centenário, que incluía uma loja, uma nova secretaria, uma sala de imprensa e um museu. Junto de diretores da nova safra como Paulo César Scavariello Junior e Paulo Toledo Barros, além de velhos conhecidos como Vladimir Heldt, o Tomi, iniciou-se um processo de recuperação do acervo, troféus e relíquias da história da Inter. Todos os itens estavam sob teto úmido e cheio de vazamento no Limeirão, embalados em caixas bolorentas. Muitos itens estavam ainda, perdidos no abandonado clube de Campo, que a Internacional perdera recentemente na justiça devido à dívidas oriundas das décadas de 90 e 2000.
As obras se iniciaram com previsão de término e entrega durante o centenário do clube, em 2013. Porém uma das premissas do Memorial é ser realizado sem receitas do clube, somente com doações.
Muitos se mobilizaram, desde empresas até torcedores com mão de obra e hoje o Memorial é uma realidade.
Mesmo com a boa relação com o poder público, a Internacional carecia de reformas no Limeirão, pois o mesmo, sem a devida manuntenção, estava deteriorado com o tempo. Limeira passava por uma crise com cassação de prefeito e essa ajuda não veio de imediato. A diretoria teve que se virar.
Uma parceria foi feita com uma empresa da cidade para troca completa do alambrado do Limeirão, pois sem a troca fatalmente a Polícia Militar não aprovaria o estádio para o Leão jogar, justamente no ano do seu centenário. Além disso uma reforma foi feita nos alojamentos, cozinha e vestiários.
Mas a caminhada começou difícil. No Campeonato Paulista da Série A-3, com um time financeiramente humilde, dentro das prerrogativas da gestão de não gastar mais que arrecadar, a Inter começou com quatro derrotas seguidas, com o rebaixamento quase que iminente, minando os sonhos de futuro da torcida. Foi quando Paulo Cezar Catanoce assumiu e o time com muita hombridade, ficou 9 partidas invicto. Manteve o bom desempenho, mas precisava de uma vitória em Itapira para o acesso, o que não aconteceu.
Durante o Campeonato, a loja oficial foi inaugurada, configurando-se como uma fonte de receita para o clube.
Com o saldo positivo no campeonato, uma vez que o clube com a política de “pés no chão” havia surpreendido e quase conseguido o improvável acesso, mais empresas começaram a acreditar no Projeto. A chegada da Construjá foi um marco no projeto: manter o clube com recursos próprios e foi o que aconteceu. Na disputa da Copa Paulista, a Internacional fez a melhor campanha de sua história. O clube chegava aos 100 anos renovado, com as esperanças de escapar da crise que atingia os clubes do interior de São Paulo.
Em paralelo a isso, a diretoria e o conselho trabalhavam ativamente para regularizar a situação do clube. Tudo foi passado a limpo e organizado, após anos de revelia. Atas, documentos, contabilidade, prestações de contas. O conselho era presidido por Dr. Julio César Pereira dos Santos.
O Limeirão passou por uma pintura com recursos do clube e doações. Passou a ostentar em letras garrafais os anos de 1986 e 1988, em ode as maiores conquistas do clube. E também deixou de ser colorido para levar as cores do clube.
O dia do centenário foi especial. Daqueles para ficar na memória do leonino. O dia 05 de outubro começou com uma carreata por toda cidade. Durante a tarde, coincidentemente, a Internacional teria um importante jogo pela Copa Paulista. A decisão da vaga diante do São Bento de Sorocaba. O Leão foi brilhante vencendo por 3 a 0 com gols do limeirense Rodney, Cleber e Dudu. No intervalo do jogo o hino do Leão foi brilhantemente executado pela banda Henrique Marques, em mais homenagem. O São Bento EC, também centenário, homenageou a Inter com uma placa e uma camisa de seu centenário. O presente foi retribuído. À noite acontecia o Memorável Leão de Ouro do centenário.
Em 2014, a Inter tinha um time maduro, com maiores investimentos. Mesmo assim o destino não permitiu que o acesso viesse mais uma vez. A decepção era nítida na torcida e na diretoria, tamanho os esforços de tirar o Leão da Série A-3. Mesmo assim, a Internacional manteve seu projeto de gestão e disputou a Copa Paulista, repetindo novamente, a sua melhor campanha na Copa Paulista.
A Internacional usou pela primeira vez uma camisa comemorativa e acertou em cheio: homenageou a bandeira da cidade de Limeira.
Em junho de 2014 era anunciada a maior obra que o Limeirão já passou desde sua fundação, com verbas federais. Infelizmente a crise econômica do país não permitiu que ela fosse concluída.
Em agosto de 2014 mais um passo rumo a modernização. A Internacional passava a ter um programa de sócio-torcedor moderno, com gestão automatizada.
Renovação dentro da renovação
O Leão fez em 2015 uma de suas melhores campanhas desde que chegou até a Série A-3, mas infelizmente mais uma vez não obteve sucesso em subir. Em 2016 a situação foi diferente. O clube lutou contra o rebaixamento, obtendo êxito.
Novo capítulo
Posteriormente, a Internacional escreveu um novo capítulo de sua história. Após se manter na Série A-3, em 2016, em campanha brilhante o time garantiu o retorno ao Campeonato Paulista da Série A-2. A partida que garantiu o acesso ocorreu em maio de 2017 contra o Monte Azul. No mesmo ano, o Leão brilhou em campo novamente ao conquistar uma vaga na final da Copa Paulista, onde se sagrou vice-campeão e teve direito à vaga na Copa do Brasil de 2018.
O clube, então, em seu primeiro desafio à nível nacional, disputou uma partida contra o Rio Branco (AC) e venceu pelo placar de 1×0, avançando à próxima fase da Copa do Brasil. Paralelamente, a Internacional se manteve na Série A-2 do Campeonato Paulista.
O retorno
O ano de 2019 foi um dos mais importantes da história do time. A Internacional iniciou a caminhada em busca do acesso à elite do Paulistão. Em campanha gloriosa, o Leão da Paulista chegou à semifinal do campeonato ao lado do XV de Piracicaba. O confronto decisivo ocorreu no Estádio Barão de Serra Negra, no dia 20 de abril, e ficou conhecido como “A Batalha do Barão”. O placar foi 2×2, levando a partida aos pênaltis. Após seis cobranças, o Leão garantiu o retorno à Série A-1 após 14 anos.
Estádio Major Levy Sobrinho
A Internacional conquistou, em 1966, o direito de disputar a Primeira Divisão de Profissionais, competição que antecedia a Divisão Especial. A partir de então, começou o drama do presidente Benecdito Iaquinta por não ter campo dentro dos padrões exigidos pela FPF.
Para não perder o direito de permanecer na Primeira Divisão, fora solicitado licença a FPF até quando pudesse arrumar um campo adequado. Para tal, era preciso disputar todos os torneios amadores, além de cumprir com as obrigações financeiras como taxas de inscrições do time a FPF.
Em 1967, com grande pesar, Iaquinta deu passe livre aos jogadores para começar a campanha para a construção de um estádio próprio e voltar a disputar os campeonatos oficiais da FPF dentro do prazo. E Benecdito Iaquinta encerrou a sua “Era” sem nenhuma dívida, logo após, após o lançamento da pedra fundamental do Estádio Major Levy Sobrinho, em 1974.
Major José Levy Sobrinho foi o doador do terreno onde foi construído o estádio. Em sua homenagem, o estádio passou a ter o seu nome, mas ficou conhecido popularmente como Limeirão.
Em 30 de Janeiro de 1977 aconteceu o primeiro jogo no Limeirão. Jogando contra a equipe do Corinthians, a Inter perdeu por 3 a 2. Foi neste jogo também que o Limeirão recebeu seu maior público – 44 mil pessoas estiveram acompanhando esta partida.
O autor do primeiro gol do Estádio Major José Levy Sobrinho foi o leonino Tião Marino.
Quando de sua inauguração, o Limeirão foi o segundo maior estádio paulista, perdendo apenas para o Morumbi. Atualmente figura entre os dez maiores no estado.
Com o novo Estatuto do Torcedor e normas de segurança, estima-se que o Limeirão hoje tenha capacidade para abrigar um público de até 18 mil pessoas.